terça-feira, 1 de abril de 2008

Uma opinião...

Nunca os professores, e seus representantes políticos de desvairada legitimidade, aceitariam uma avaliação aberta à comunidade. Eles nem sequer admitem ser avaliados uns pelos outros — por isso falam na criação de especialistas na avaliação de professores, porque antecipam que não chegarão a ser criados. Por exemplo, os professores não aceitariam que em todas as salas estivesse uma câmara, a qual registasse e revelasse toda a interacção ocorrida em cada aula. Não importa para o argumento saber se tal modelo seria exequível em custos, aqui servindo como hipótese caricatural para dar ênfase ao facto de estarmos em Abril e ninguém saber qual o modelo de avaliação que os professores acham correcto, sendo até que muitos têm resposta pronta para mostrar que nenhuma avaliação será viável dada a radical dispersão de opiniões e interesses. O discurso dos sindicatos barricou-se no melodrama, procurando por todos os meios reduzir a problemática da educação pública em Portugal à fulanização do conflito com a Ministra e o Primeiro-Ministro, e apostando na perda de popularidade em período eleitoral para conseguir que o Governo desista. É uma estratégia muito antiga, muito comuna, de acintosa demagogia. Pretende adiar sucessivamente qualquer medida que introduza racionalidade na função docente, preferindo-se o que já se conhece e desfruta. Os sindicatos, e os professores que neles se consideram representados, estão a dizer ao País que têm vivido bem na decadência destes 30 anos. Dizem que o tal caos de décadas, agora denunciado com folclore e empenho, é preferível a qualquer coisa, seja o que for, que venha do ME. Afinal, até há matemáticas do caos, pelo que as pessoas adaptam-se a tudo, inclusive à miséria de uma profissão onde uma professora, que não consegue comunicar com uma aluna, acaba a apresentar queixas judiciais contra tudo o que mexeu na sua sala — menos contra ela própria, a única responsável. Também isto são elementos de avaliação de uma classe sem qualquer classe, e dos mais significativos.
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